Como seria saber que nada mais será como antes? E que aquelas manhãs vendo o sol nascer na praia nunca mais serão as mesmas. Que aquela rotina, que tanto incomodava, de levantar às quatro para chegar no trabalho às sete, nunca mais irá acontecer? Que aquela pequena caminhada até a esquina, que nunca se deu valor, que aconteceu há meses atrás, não irá se repetir... não da mesma maneira.
Quando o último fio de esperança se esgota, se joga do abismo mais alto e mergulha numa viagem sem volta, a gente começa a se dar conta das coisas simples que nunca deu valor. O tempo passa e num instante, nos poucos segundos de um piscar de olhos, tudo muda. E a gente percebe que, a partir de agora, teremos que renascer e reaprender a cada dia.
As tarjas pretas têm sido freqüentes. Tarjas pretas para vestir o luto pela vida que vai embora para uma outra, não tão interessante, nascer. Ou não. Tarjas pretas para fechar os olhos e não se deixar perceber que a realidade vem com pressa em sua direção. Tarjas pretas para servir de asfalto por onde, agora, se caminhará sobre rodas. Tarjas pretas para esconder a tristeza e para suportar os desafios que ainda estão por vir. Tarjas pretas receitadas. Tarjas pretas engolidas. Tarjas pretas escolhidas e empurradas. Tarjas pretas. Tarjas.
Como seria saber que agora o máximo que se pode fazer é colocar a fé na mochila e pedir que alguém te leve?
Ele sabe.
...
Se nada mais resta, que sobreviva o amor. Já que no meio de tantas coisas que vão embora, é o que ainda pode resistir. Quando é de verdade...
Amem!
Amém.
E aproveitem cada dia...